Clareando calcorreados
caminhos
Sobe a lua no
horizonte
Sem bússola nem
astrolábio
Por ruas da cidade
Tão vazias quanto eu
Alheando pensamentos de
vivências ocorridas
Cada vez mais
distantes,
Engolidas
pela névoa do tempo
Germina a vontade
De andar só pelas
ruas desertas desta cidade
Subindo, descendo suas
colinas
Um vulto de alguém
que vagueia
Um sem-abrigo em
precário agasalho
Ou algo imaginário
Sem perceção dos
caminhos percorridos
Desemboco na grande
praça
De seu nome Comércio
De onde naus partiam
em busca de outras terras
Regressando
carregadas de açafrão, pimenta e outras iguarias
Ali
Tudo se comprava e
vendia
Sedas, vidas. especiarias
Escravos agrilhoados eram comercializados
Como vulgar
mercadoria
Sinto o rio, na sua baixa-mar
Barcos que aportam aos
cais
Transportando,
sonhos, tristezas, alegrias
Ou somente o cansaço
de mais um dia
Sentado na escadaria
Entre as colunas que
ao cais dão nome
Horas não contadas
Em maré que vai subindo
Com novas energias
desperto por fim
Ouvindo a cidade
dormindo
Inicio caminhada sem trilho
Ao encontro de…
...MIM
Autor : Pintor de Palavras