segunda-feira, outubro 03, 2022

Hoje há Luar

Clareando calcorreados caminhos
Sobe a lua no horizonte
Sem bússola nem astrolábio
Por ruas da cidade
Tão vazias quanto eu
Alheando pensamentos de vivências ocorridas
Cada vez mais distantes, 
Engolidas pela névoa do tempo
Germina a vontade
De andar só pelas ruas desertas desta cidade
Subindo, descendo suas colinas
Um vulto de alguém que vagueia
Um sem-abrigo em precário agasalho
Ou algo imaginário
Sem perceção dos caminhos percorridos
Desemboco na grande praça
De seu nome Comércio
De onde naus partiam em busca de outras terras
Regressando carregadas de açafrão, pimenta e outras iguarias
Ali
Tudo se comprava e vendia
Sedas, vidas. especiarias
Escravos agrilhoados eram comercializados
Como vulgar mercadoria
Sinto o rio, na sua baixa-mar
Barcos que aportam aos cais
Transportando, sonhos, tristezas, alegrias
Ou somente o cansaço de mais um dia
Sentado na escadaria
Entre as colunas que ao cais dão nome
Horas não contadas
Em maré que vai subindo
Com novas energias desperto por fim
Ouvindo a cidade dormindo
Inicio caminhada sem trilho
Ao encontro de… 
...MIM

Autor : Pintor de Palavras

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