quarta-feira, maio 16, 2012

Praça da Figueira ou um Retrato de Lisboa


 
Fim de Tarde

A instalação sonora debita uma música que pretende dar alguma animação à praça.
Algumas pessoas, não muitas, passam em fim de dia, umas apressadas outras nem tanto, poucas as que param mirando as montras talvez olhando aquela peça que gostariam de possuir e...
Alguma deambulando pela canícula que se faz sentir deixando que o ocaso traga a noite e com ela ...
Um invisual tenta descobrir uma fresta entre o emaranhado de carros estacionados, alguns corretamente outros nem por isso ocupando parcialmente o passeio.
Eis que a nesga! está ali!
Quer atravessar a rua?
Sim! Posso atravessar?
Pode!
Uma mão no braço. Seria preciso?
O encontro com o passeio do outro lado da rua.
Cuidado!
Onde devia estar a calçada um omnipresente buraco assumindo-se com orgulho.
Aqui estou. Sou um de muitos que existem por essa Lisboa.
Desvio
Retoma do percurso
Mais à frente as mesas e cadeiras da esplanada de um café tomam conta do passeio.
Desvio,
Sem hesitações.
Este é um obstáculo já conhecido.
Presente e permanente como tantos nos passeios de Lisboa

Foto : colinek

sábado, maio 12, 2012

Palavras


Palavras
São nadas
Ditos em frases dispersas
Na poeira das ideias
Por ventos passageiros levadas
Em gritos sussurradas
Nos sentidos
Em que são ditas
Fáceis, leves, ligeiras
Alegres, tristes, brejeiras
Fugas de nós
De outrem
De alguém
Sem saber de onde
De quê
Ou de quem
Sílabas em conjunto
De correta gramatical dita, escrita
Quão fácil é dizê-las, escrevê-las
Difícil, senti-las, sofrê-las
No falar
Sem um som articular
Tudo dizer
No silêncio de um olhar.
.
foto : dariano

quarta-feira, maio 09, 2012

penso....


Penso
Que estou aqui
Que sei
Que quero
Ou…
Talvez não
Penso…
Que sou
Um número mais
Nas contas da vida
Um entre tantos
Um mais
A fazer de conta que conta
E penso…
Que vivo
E penso…
Poder sonhar
Sentir, Sofrer
Rir, Chorar
Poder amar
E penso…

… que penso.
.
Foto : MaciekPorto

segunda-feira, maio 07, 2012

de ti


Desde quando,
Como e porquê
Eu já não sei
Foste a razão
Do meu viver
Por isso te amei
És Noite
És Dia
És Estrela, Lua, Sol
Serás sempre
Meu Guia
Meu Farol
Se por ti foi sentido,
Ou foi fingido
Hoje não sei
Recordo o sabor dos teus lábios
Naquele beijo que um dia te dei
Se fui eu que o quis
Ou tu que o quiseste
Agora que partiste
Pouco importa
Se fui eu que te dei
Ou tu que me deste
De teus lábios recordo
O ardor
Seu amor imenso
Dos teus
Meus lábios sedentos
Do seu sabor intenso.
.

sábado, maio 05, 2012

momentos



é deste lado da ponte, nesta outra margem,  que eu renasço nos instantes em que estou junto ao mar.

sento-me e fico de olhar atento ao voo das gaivotas, e avivo o olhar nas pinceladas de cor desenhadas no céu ao cair da tarde.

são estes momentos de pura magia que eu necessito, para me lembrar  e sentir que a vida vale a pena.



quinta-feira, maio 03, 2012

não quero


Não quero
O que tens para me dar
Quero a dor de te ver partir
Sem te ter visto chegar


Conhecer o teu futuro
No passado de onde vens
Nos caminhos que trilhaste
Por quelhas, vales e montes
Os atalhos em que viveste
Encruzilhadas sem destino
Sem sinais de norte ou sul

Quero asas para voar
Para lá do pensamento
Qual folha pelo vento levitando
Numa dança de loucura
Por teu corpo caminhar
Quero ser o teu amante
É o que tenho para te dar.
.
  • Foto : Arveth
  • terça-feira, maio 01, 2012

    dúvidas




    ...e as respostas que não veem.
    Pela janela vejo a chuva, ouço o vento, ambos se conjugando em tempestade.
    Passo os olhos pela crónica de uma revista e, em tempestade de ideias, relembro a visitita que fiz a um amigo hospitalizado em que falámos da… vida.
    Vida. Porque se lembrou alguém de usar essa palavra e não outra?
    Não seria mais correto dizer “estruturas celulares em constante mutação?”.
    Pelos vistos não. Alguém decidiu que tudo funcionaria de forma organizada e criou os rótulos tipo “vida”, “nasceste”, és “criança”, “jovem”, “adulto”, e por aí fora, que nos vão sendo colocados de forma sequencial como encomenda a ser expedida em correio azul, claro está na moda, dos rótulos escritos passámos a ser também rotulados com cores.
    Tem piada, é a senha azul para o guichet 4, verde para o 5, amarelo para o 7.
    Ou será que as cores não foram utilizadas primeiro?
    Pretos, Brancos, Amarelos, Vermelhos!
    Não deve ter sido fácil organizar tudo isto.
    A dificuldade de perceber deve ser minha. Alguma falha deve ter acontecido no “controlo da qualidade” para eu ter sido incluído num lote dos “sem defeito”, pois mais um rótulo, e expedido para…
    É que continuo sem encontrar a senha para o guichet das dúvidas!
    Mas para o que raio me havia de dar, estar para aqui a “filosofar” sobre coisas de que nada percebo!

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